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segunda-feira, 18 de maio de 2015

5, 6, 7, 8...

Neste post, a aluna Maria Augusta, de forma bem-humorada, relata os "passos e descompassos" da dança e nos convida a refletir sobre essa forma de arte... Preparados para bailarem nessa leitura?
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Entre pisadas e risadas em um fim de tarde no centro da cidade, avistei algo que me trouxe até aqui. Tentei não olhar, mas as vozes e barulhos foram sumindo, só conseguia ver aquele rosa, mas era AQUELE cor-de-rosa, do tipo que dói no fundo dos seus globos oculares. Aquela camiseta vinha caminhando lentamente na minha direção, com a imagem de um aparelho de academia e a seguinte frase: “ Tá’ difícil? Faz ballet”.
Segurei a desconhecida pelos ombros com toda força que pude exercer naquele momento e, aos gritos, perguntei: “VOCÊ SABE O QUÃO DIFÍCIL É A DANÇA E AINDA ALCANÇAR SEUS OBJETIVOS NELA?”. Ela, acuada, soltou-se e correu.
Ok, você me pegou, não foi bem isso que aconteceu e, mesmo com todo meu cenário imaginário, a moça seguiu seu trajeto, carregando suas sacolas e conversando com sua amiga, sem que eu, ao menos, tivesse me dirigido a ela. Por esse quase acontecido, decidi escrever, um pouco, sobre o universo que é a dança.
Não tenho a intenção de desmerecer nenhum tipo de arte ou representação, mas, cá entre nós, a dança tem poder sobre os que estão dentro e os que estão fora desse mágico universo. De certa forma, compreendo aqueles que concordam com a frase estampada na camiseta, pois essa é a missão de um bailarino, fazer com que pareça fácil. Ainda que seu corpo doa, que seus pés sangrem e que sua mente esteja lhe pregando peças, ele nada deixa transparecer.
São taxados de loucos, e são loucos mesmo. Loucos e apaixonados pelo que fazem, pelo passo ou pela sequência acertada, por toda superação, o frio na barriga, os aplausos, as cobranças, o barulho consequente do impacto de cada salto na madeira do palco, o cheiro de spray para cabelo, o cheiro de talco, o cheiro de vida. Uma vida que é representada por altos e baixos, lágrimas e sorrisos, elogios e críticas e todos os outros prós e contras... Porém, pergunte a um bailarino se ele é feliz, e, quase que sem pestanejar, sua resposta será SIM!!!
Óbvio que nem tudo “são apenas flores”... Mas podemos, ludicamente, ignorar os espinhos e, se tem uma coisa que aprendi na dança, é que desistir nunca é uma opção. Mas é a partir daí que saliento a dificuldade inicialmente mencionada.
Citar os benefícios da dança (seja ela qual for) seria apenas “vender o peixe” e essa não é minha intenção. Então, vou resumir uma bailarina com duas frases: “ DIVA nos palcos, SÓ ‘O PÓ’ durante os ensaios”.  Talvez não faça muito sentido para os que estão lendo, mas assim que vocês tivessem sua primeira unha encravada, acompanhada de lindas bolhas (que costumam ser até apelidadas) e após sustentarem seu corpo por horas a fio apenas nos dedos dos pés, cruelmente apertados dentro de um bloco de gesso que é cinicamente disfarçado por um lindo cetim cor-de-rosa (olha ele de novo), entenderiam e muito bem...
Brincadeiras à parte, tenho a obrigação de relacionar a dança à arte e à cultura, afinal, a dança é a arte em que o artista se torna a própria obra, pois se usa o corpo para representar tudo e qualquer coisa, causando sorrisos e incontroláveis lágrimas, trazendo consigo toda uma vasta cultura desde os primórdios até a atualidade, sendo quase impossível separar uma da outra.
As cortinas deste palco estão oficialmente fechadas e protegidas de todo o meu blá-blá-blá. Mas não se anime tanto assim, porque eu volto, e em breve. Agradeço pela sua presença e espero que tenha valido a pena.
                                       (Maria Augusta Moreno, ADM, matutino)

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