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quinta-feira, 7 de maio de 2015

Ensinar para aprender

Neste post, a aluna Iara Milito tece considerações bem interessantes a respeito do ofício de professor e do ato de ensinar, articulando-os ao aprender. Recomendo muito a leitura!
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Costumo dizer às pessoas que nasci professora.
Com o tempo, a experiência e os estudos, só me aperfeiçoei, mas sei que nasci professora. Amo ensinar e acredito, de verdade, que a melhor maneira de aprender é ensinando.
A minha primeira experiência como professora foi antes mesmo dos 10 anos de idade. Descobri que a faxineira que trabalhava na minha casa, Maria, não sabia ler. Todos os dias, quando ela ia embora, alguém tinha que a acompanhar até o ponto para que ela não pegasse o ônibus errado. Curiosa, como sempre, perguntei por quê, e me explicaram o motivo.
Não tive dúvidas. Na mesma hora, peguei um caderno, uma caneta e perguntei qual era o nome do ônibus que ela deveria pegar. Jardim Peri-Peri. Nunca mais esqueci.
Escrevi “Jd. Peri-Peri” em um papel, em letras de forma, e dei o papel para que ela levasse ao ponto para comparar com o que vinha escrito nos ônibus que se aproximassem. Antes dela ir, dei algumas dicas: “Como você não vai ter muito tempo, perceba que essas duas últimas palavras aqui são iguais, então só preste atenção nessa curtinha (Jd.) e na do meio (Peri)...”. E continuei com minhas dicas: “Está vendo essa primeira letra? É o jota. Ele se parece com um anzol, não parece? Então, se o ônibus que estiver vindo não tiver uma palavra que começa com um anzol, não é ele. Se tiver, daí você olha o resto. ” E assim comecei a ensinar a minha primeira aluna.
Como eu sabia que isso não era suficiente (nada como a experiência!), quando ela foi embora, acompanhei-a até o ponto para ver se ela iria conseguir fazer o que eu havia ensinado, e ali apliquei minha primeira prova! E minha aluna passou com louvor!
Mas sempre fui uma professora desconfiada, daquelas que gosta de testar de verdade, então a acompanhei por uma semana, até que nós duas nos convencêssemos de que ela não precisava mais disso.
Lembro que ela já trabalhava em casa fazia uns 3 anos e trabalhou por mais uns outros 3, e quando se tem 10 anos, 6 anos é quase uma vida inteira.
Neste tempo, não me bastei a ensiná-la a pegar o ônibus certo para ir para casa. Fiz a mesma coisa com o ônibus da vinda, ensinei Maria Aparecida de Souza a assinar seu próprio nome, as letras do alfabeto e a ler. Quando ela saiu de nossa casa, Maria lia livros. Estava alfabetizada.
Hoje sou professora de inglês há 16 anos, e agora estou cursando administração. Com tantas matérias novas que não domino, estudo muito. Leio, releio, faço resumos, esquemas e, quando já entendi, a fim de fixar o conteúdo, procuro alguém para quem explicar. Alguém que tenha dúvidas, que me faça perguntas e me force a compreender melhor o que estou estudando.
Não adianta tentar fugir de quem sou. Entender o conteúdo, eu entendo sozinha, mas, para aprender, no sentido mais profundo da palavra, eu ensino!


                                                               (Iara Milito, ADM, noturno)


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