---------------------------------------------------------------------------------
Esta semana, o Brasil se despediu de uma grande
figura: Tomie Ohtake. Pintora, escultora, artista plástica, mãe, mulher. Os que
conhecem um pouco de sua história, sabem do seu valor. Um exemplo de pessoa. Ao
saber de sua morte, achei que lhe caberia uma homenagem neste blog sobre sustentabilidade, arte e
cultura.
Tomie morreu aos 101 anos no Brasil, onde morou por
70 anos. Nasceu no Japão em 1913. Ganhou a cidadania brasileira, mas nunca
deixou de ser japonesa.
Muito se fala de sustentabilidade, mas o que
sustenta esta ideia? Reciclar? Reutilizar? Evitar desperdício? Sustentabilidade
possui uma relação estreita com a ideia de continuidade.
Aqui, Tomie desenvolveu sua arte, sua criatividade.
Aqui ela enriqueceu nossa cultura com seu trabalho e nos “presenteou” com seus
2 filhos; um deles, um dos maiores arquitetos da atualidade. Do Japão, trouxe
sua garra, sua persistência e sua habilidade de continuar sempre, de ser
sustentável consigo mesma.
Quando reciclamos um produto, damos aos elementos
reciclados a possibilidade de continuar a ser útil em outro produto. Quando
reutilizamos, damos ao próprio produto a possibilidade da continuidade. Tomie
Ohtake continuou sendo Tomie Ohtake por 101 anos, e isso, em termos humanos, é
uma continuidade e tanto! Mas o mais importante não é que ela viveu por todo
esse tempo; ela produziu por todo esse tempo. Inventou-se, reinventou-se,
reciclou-se!
Enquanto perdemos tempo reclamando do que ocorre em
nossa volta, não temos tempo para tomarmos atitudes. Falar de sustentabilidade
é ótimo, mas melhor ainda é agir de acordo com o que dizemos e trabalharmos
pela disseminação dessas ações, para dar continuidade ao processo. Lamentar-se
pelo que foi destruído não reconstruirá o planeta; replantar as árvores, limpar
os rios e parar o processo de destruição irá ! Inverter a tendência é o que nos
permitirá continuar a viver em parceria com os recursos naturais de que
dispomos. Mas atitudes, não lamentações. Ações, não discursos.
Tomie trabalhou até o fim. Dias antes de seu
falecimento, pediu aos médicos que lhe dessem alta, para que pudesse voltar a
trabalhar.
A melhor maneira de resumir Tomie Ohtake é por meio
de seu comentário ao saber que uma de suas obras havia sido destruída pelo fogo
em um incêndio no Memorial da América Latina no final de 2013. Uma tapeçaria de
700 metros quadrados (70m x 10m). Uma obra de valor inestimável. E, enquanto o
mundo se lamentava pela obra perdida, em uma entrevista sobre o desastre, ela
disse: “Então, preciso começar a trabalhar”. E assim (se) foi Tomie Ohtake. E assim Tomie Ohtake
continuará.
Fonte:http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2013/11/tomie-ohtake-diz-que-pode-refazer-painel-atingido-por-fogo-no-memorial.html
(Iara
Milito, ADM, noite)