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quarta-feira, 20 de abril de 2016

Downhill: se nós somos doidos? Não! Nós amamos o que fazemos!

Adoro posts que nos trazem esclarecimentos e colaboram para desmitificar preconceitos... É isso que o texto do Rafael Bastos, da turma de ADM, faz ao nos contar a história e adrenalina do esporte downhill. E aí, prontos para descer morro abaixo? 
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      O downhill foi a primeira modalidade ciclística do mountain bike, com origem na Califórnia, nos anos 70, com os hippies da época que decidiram fugir um pouco do ciclismo urbano, para as montanhas em Marin County, San Francisco, para se aventurarem ladeira abaixo. E para aqueles que desconhecem, esse esporte também conhecido como “DH”, abreviação da palavra em inglês downhill (junção de down-descer; hill-monte) que significa ”ir abaixo”, é praticado em algumas partes do mundo, podem não ser muitas, mas aqueles que praticam, dedicam seu tempo a isso.
Porém, quem pratica, de fato, domina o esporte. Esse esporte requer muita atenção, determiação, concentração e, claro, o dom de dominar a bicicleta na pista, em curvas, saltos e até mesmo nas retas. O objetivo desta modalidade é descer o mais rapidamente possível em um certo percurso, desviando de obstáculos e passando entre espaços pequenos de árvores e até mesmo passando sobre pedras, em que um pequeno movimento errado pode levar a sérias consequências.
Embora esse esporte tenha sido criado para sair das ruas e ir para as montanhas, também existe o “DHU” (Downhill Urbano), em que, ao invés de descerem pelas trilhas, descem pelas ruas das cidades. Os praticantes do DHU olham as coisas de um jeito diferente, competindo em disputas privilegiadas em um relevo acidentado, misturando os obstáculos naturais com os artificiais, como rampas, muros e escadarias, mas contendo a mesma vibração do esporte.
Onde nós vemos uma escada seguida de uma lombada, por exemplo, o que seria apenas uma passagem comum, para eles, é uma descida violenta nesta escada que vai direto à lombada, proporcionando um salto para fazerem manobras incrivelmente absurdas! E eu digo absurdas por serem tão, mas tão extremas, que se precisa chegar a um ponto de concentração muito grande para executá-las, que é lindo de se ver. Assim, para os fascinados por esse esporte, assim como eu, qualquer coisa pode ser um auxílio as suas manobras.
Mas, para quem quer praticar esse esporte, é nescessário uma bicicleta específica. Algumas bicicletas usadas podem variar de R$ 3.500,00 a R$ 24.000,00, e repetindo, “usadas”! As novas, custam em torno de R$ 18.000 a R$ 35.000. São sim, absurdamente caras, preço de uma moto ou um carro praticamente. Mas isso não é à toa. Essas bicicletas possuem uma geometria milimetricamente calculada, eixos e relações medidas com extrema precisão e peças fabricadas com o melhor material.
        Essas “motos sem motor”, são de fato, preparadas para aguentar impactos muito fortes. Com suspensões dianteiras de mínimo 180mm a 203mm de curso, freios a disco com acionamento hidráulico (fluido de freio ao invés de cabos de aço) e pneus largos com compostos macios para maior aderência ao terreno. Mas, na verdade, o desenho dos pneus tem de ser de acordo com as condições da pista, senão o desempenho da bicicleta pode ser afetado. Por exemplo, na bicicleta de DH não existe o câmbio dianteiro. No seu lugar é instalada uma guia de corrente, que tem a missão de manter a transmissão funcionando apesar de todas as trepidações que a pista provoca na bicicleta e nas aterrissagens de saltos. É preciso entender que, se uma bicicleta comum, de passeio, por exemplo, for colocada em umas dessas pistas, tem uma grande possibilidade de amassar, trincar nas partes mais frágeis ou, até mesmo, partir-se ao meio!
Há que se considerar ainda que ambas modalidades necessitam de equipamentos de segurança como capacete, óculos, luvas, joelheira/caneleira, cotoveleira e coletes de proteção para as costas e peito, pois os tombos podem causar lesões gravíssimas ou até mesmo fatais.
Além dessas modalidades, temos o Freeride, (FR: Free -livre; Ride-passeio) e como o nome já diz, digamos que é um “passeio”, por assim dizer. Mas passeio comum? Não, definitivamente não… Essa modalidade consiste em correr em pistas com obstáculos naturais ou criados pelo homem. É uma combinação de Downhill e Dirt Jump (modalidade em pista fechada composta de rampas e curvas acentuadas), Pode ser praticado nas ruas (conhecidos também como Street MTB, Urban Assault ou Urban Ride), no caso do Freeride Urbano, ou também pode ser praticado na terra, em trilhas e pistas relacionadas a essa modalidade.
          As bicicletas de freeride têm características especiais, são construídas normalmente em alumínio ou chromoly (mistura de ferro crómio e outros metais) e têm uma curta distância entre eixos para permitirem um melhor manuseio nos saltos e manobras. Para o freeride urbano, geralmente são utilizadas bicicletas de quadro rígido ou Hard Tail (sem amortecedor) e com suspensões dianteiras com curso entre os 80mm e 100mm. Freeride em terra é um pouco mais pesado, geralmente são usadas bikes de suspensão total ou Full Suspensiom (com amortecedor traseiro), cujo curso da suspensão e do amortecedor varia geralmente entre 100mm a 200mm. Hoje em dia, a modalidade, além de ser praticada nas ruas das cidades, skate parks, pistas de dirt e trilhos locais, é ainda praticada em bike parks que são parques exclusivos para a prática de MTB.
           Agora, sabendo que este é um esporte tão caro e perigoso, o que faz essas pessoas terem a vontade de praticar, ciente das consequências? A resposta está no quão determinadas elas são… O desejo de praticar um esporte que mistura medo, adrenalina pura, diversão, concentração, faz com que elas se sintam à vontade para fazer o que gostam... Elas sabem que há pessoas que dizem: “Nossa, essa pessoa é maluca, vai se quebrar todo.” ou “Esse esporte é p’ra gente doida…”; mas eles não ligam para opiniões de terceiros, porque sabem que aqueles que tanto criticam, são aqueles que, muitas vezes, desejariam estar no lugar desta pessoa e fazer o que ela faz.
            Resumindo em uma palavra: INVEJA. Então, quaisquer fatores externos que há ao redor deles, eles não ligam para os outros, mas sim inspiram-se pelo que são capazes de fazer e acreditam na sua força de vontade e determinação. E eu citei a palavra “inveja” porque sempre tem aqueles que fazem comentários desnecessários como: “nossa, isso tudo só p’ra um pulinho desse? Até eu faria esse pulo!” ou “Só isso que sabe fazer? Não sabe fazer coisa mais interessante do que isso?”. Resumindo, aqueles que muito falam, pouco fazem igual.
           Então tenha certeza de que, se pratica esse esporte, ou tem a vontade de iniciar, vá fundo! Porque a força de vontade é a arma mais poderosa para o sucesso. Então, se falam de você, ignore, acredite em você mesmo, na sua capacidade, no seu desempenho, pois muitos deles gostariam de estar no seu lugar.
           Mas claro que, se estiver começando, não se jogue de cabeça. Tenha cuidado nos treinos, respeitando seus limites e habilidades, para que esse esporte possa ser pura diversão e adrenalina de verdade!
Fonte: http://www.vitalmtb.com/photos/member/Red-Bull-foxhunt,6535/Redbull-foxhunt-2013-2,65418/Warren-McConnaughie,27936

                                                                    (Rafael Bastos, ADM, noturno)